segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Taverna - 4 - Vida que Segue






Quando um vampiro poderoso possui planos de aumentar seus poderes, alguém precisa pará-lo. Acompanhe a história dos irmãos Styrman e de seu envolvimento com o mundo sobrenatural.


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TAVERNA
Parte 04 – Vida que Segue



Aquele que pergunta pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar será um tolo para o resto da vida”.
Provérbio chinês.


Resumo do capítulo passado: Daniel Wang é sacrificado (pelos Æesires) para servir de “alimento” para Rhaluk, o portal vivo; a pequena Laura Solteirus aprende mais sobre o mundo dos Caçadores ao conversar com Nooa; o Styrman se reúne com o representante de Corann: o vampiro Ichiro; e é revelado o fato de que Daniel encontrou uma “Flor da Morte” dias atrás em sua escola.



Segunda-feira. Quase 4 horas da manhã.
Riverview. Castelo de Gunnar.


Petri ficou encarregado de limpar o quarto do ritual.




Odiava fazer aquilo. Achava que era papel de mulher, que homem não tinha que arrumar nada. E tinha certeza de que Lucianna usava de algum tipo de poder para lhe convencer a fazer aquilo. Uma hora daquelas, ela estava longe já. Estava com Gunnar, na mansão da Condessa de Savoy.
Petri colocou um novo baú no quarto (para o corpo da futura próxima vítima), limpou a banheira e depois se retirou do local, indo atrás de Tuomas.





Daniel sentia frio, muito frio.
Estava encolhido no chão, naquele quarto maldito. A última coisa da qual se lembrava era do homem loiro indo para cima dele com um martelo na mão. Estava morto? Ele levantou-se... Pelo menos tentou. Mas ele flutuava. Sim! Estava morto!




- Dê-me o que é meu! – A voz que o acordara repetiu novamente, com um tom autoritário e o frio intensificou-se.
Então, de uma maneira sobrenatural, instintiva talvez, Daniel Wang soube. Soube que poderia voltar para o mundo dos vivos.


- Você tem algo que me pertence. – A voz, amedrontadora, ecoava por todo quarto. E sua dona materializou-se na frente do garoto. Era ela: a Morte. A própria.
Mas, por mais estranho que parecesse, Daniel não sentia medo naquele momento, mas um estranho sentimento de confiança.
- Dê-me o que é meu! – Ela repetiu, impaciente.


- A flor... Você deseja a flor que achei na escola... – Daniel sabia disso. Não sabia explicar como, mas tinha certeza que era aquilo o que ela queria.
- Devolva-me a flor e não o levarei mais.
- Não tenho mais corpo. Sinto que ele foi destruído. – O garoto disse.
- Se me der a flor, lhe darei um corpo novo, até mesmo vestido com as roupas que você usava antes de morrer. – Ela disse, com sua voz gutural.
Daniel sentia que ela falava a verdade. Daniel sentia que lhe entregar o que ela queria era sua única saída para voltar à vida.
- Eu lhe darei a flor, mas prometa-me que me trará de volta fora deste castelo.
- Não posso. Seu corpo deve surgir no mesmo local onde você perdeu sua vida.
- Mas eles me matarão novamente...
- Não há nada que eu possa fazer a respeito disso.


- Bem,... Então eu tentarei escapar. Tome. – E a flor surgiu, como que por mágica, nas mãos de Daniel, que a estendeu para a Morte. Era como se a vontade dele a tivesse feito surgir.
- A Flor da Morte... – Sussurrou a criatura. – A minha flor...
O garoto só olhava, apreensivo.
Então a Morte, com a flor numa das mãos, começou a entoar um antigo cântico mágico que apenas ela conhecia. E Daniel começou a rodar, rodar e a subir, subir, cada vez mais rápido, até que ele caiu no chão.
Estava vivo novamente!!! Ele estava tão feliz que mal podia acreditar!


- Agora diga que a flor é minha. – A Morte disse, embora a flor já tivesse desaparecido de sua mão.
- A flor é sua... – Ele disse, sem entender a necessidade de falar aquilo.
Então ela sussurrou, dessa vez com uma voz suave e angelical, uma voz feminina, tão linda que Daniel imaginou que nunca mais haveria de ouvir som tão perfeito:
- Aah, Daniel, que encanto! Preciso correr para casa e colocar esta flor na água! Tenho um vaso perfeito para ela... 1

1 Toda essa frase é dita pela Dona Morte no jogo, quando o Sim lhe entrega a “Flor da Morte” para não ser levado por ela.


Então, diante dos olhos do recém-ressuscitado Daniel Wang, a Morte sumiu. E ele se viu com a realidade cruel na sua frente: estava no quarto onde fora morto e precisava fugir dali. Ou veria a Dona Morte novamente. E dessa vez ele não possuía outra flor para salvá-lo.








O quarto ainda estava com as velas acesas.
Daniel se lembrou dos momentos de desespero que passou ali. A simples lembrança de Gunnar o aterrorizava. Ajoelhou-se e reuniu forças para continuar.


Abriu a única porta que havia naquele aposento e saiu, sem saber o que o esperava do outro lado.
Um quarto, onde havia outra banheira, feno, uma lareira, um armário, uma divisória e... outra porta. Daniel foi até ela.


Parou para tentar ouvir algum barulho do outro lado. Só o silêncio. Então entrou.


Ele sentia que estava imundo, fedido. Mas obviamente nem lhe passava pela cabeça tomar um banho naquele momento. Só sentia que precisava sair dali, o mais rápido possível. Então se viu então em um aposento apertado. Havia uma escrivaninha e uma cadeira, mas nenhum sinal de telefone, celular, computador ou qualquer outra coisa que o ajudasse a se comunicar com a polícia sobre sua situação.


Logo viu uma escada. Ele a desceu, tentando não fazer barulho.






A escada dava para uma saleta redonda. Havia apenas uma porta. Nenhum barulho do outro lado. Então Daniel seguiu. E tomou um susto enorme ao entrar em uma sala onde havia uma piscina cheia de sangue. O próprio cheiro do lugar o deixava nauseado. Quase vomitou.






Tuomas mexia nas cinzas da lareira onde tinha colocado as partes menores do corpo picotado de Wang. Como tinha feito uma sujeirada no porão, onde a fornalha devorara a maior parte do corpo do garoto, já tinha ido a seu quarto, tomado um banho e trocado de roupa.
- Petri, arrumou o quarto do ritual? – Ele perguntou ao sentir a presença do Æesir na sala.


- Sim... – Ele respondeu, de má vontade.
- Esqueceu de apagar as luzes e soprar as velas, como sempre?
Ah, droga!”, Petri pensou, aborrecido com ele mesmo por sempre se esquecer de fazer isso ao sair dos aposentos.
- É, esqueci. – Petri confirmou, de mau-humor.
- Seria melhor subir e apagar então. Gunnar não ficaria satisfeito com seu serviço pela metade. Você sabe disso. – Tuomas falava sem nem olhá-lo.
- Petri não faz serviço pela metade! – Ele respondeu, de cara fechada. Odiava ser tratado como um reles serviçal. Sabia que era forte. Era para ser tratado melhor. Ainda acabaria com Tuomas e seu falar petulante. E com Lucianna e sua voz que o encantava.


Deu então as costas para Tuomas e se retirou, indo para o quarto do ritual novamente para apagar as luzes de lá.





Daniel ouviu passos se aproximando. Vinham na direção do local onde ele estava agora! Não havia onde ele se esconder! Tinha que pensar rápido!


Olhou a piscina. Entrou, com cuidado para não mexer o líquido viscoso demais. Respirou fundo, prendeu o fôlego e mergulhou.
Lá dentro, ficou de pé, encostado na parede, rezando para quem quer que estivesse passando por ali não resolvesse fazer o mesmo que ele: entrar na piscina. Ou observá-la com mais atenção.


Petri entrou na sala da piscina, onde Daniel estava escondido.
Passou direto, remoendo pensamentos de vingança contra os dois Æesires: Tuomas e Lucianna. Talvez, se tivesse passado mais lentamente, menos concentrado, tivesse percebido as leves ondulações no líquido viscoso.


Então Daniel aguentou o máximo que pôde sem respirar e subiu devagar. E qual não foi sua surpresa ao perceber que à medida que saía dali de dentro, o líquido ia saindo de seu corpo e de suas roupas, bizarramente voltando para a piscina, como se fosse algo vivo. E ele se sentia mais rápido, mais ágil. Sentia-se também mais forte.
Então correu para a porta aberta. Precisava sair dali imediatamente.


Havia uma outra porta mais à frente. E ao lado esquerdo e direito dele havia paredões naturais, muito altos para ele subir. E voltar para a porta onde estava a piscina não era uma opção que ele consideraria. Daniel precisou pensar rápido. Correu para a porta à frente dele.


- Petri, já? – Tuomas virou-se na direção da porta, ao ouvir passos.



Daniel parou, petrificado de medo. Ouvira uma voz vinda de trás da porta pela qual ele iria entrar. Era a voz do tal Tuomas, o homem que lia o livro enquanto ele estava preso na cela.
O que aconteceu em seguida, Daniel mal poderia explicar: ele olhou para um dos paredões e saltou de forma sobrenatural e perfeita, saindo dali a tempo de encostar-se à parede e ouvindo, em seguida, quando a porta se abriu e Tuomas saiu por ela, indo na direção do quarto da piscina, onde ele estava segundos antes.




O coração de Daniel batia disparado.
Ele olhou ao redor e então se deu conta de que havia um portão ali próximo, mas estava trancado, e abri-lo provavelmente faria barulho. Então, mais uma vez, agindo de uma maneira extremamente inexplicável (quer dizer, ele acreditava que estava conseguindo saltar daquela forma porque tinha mergulhado naquela piscina onde estava aquele líquido estranho; aquilo, de certa maneira, tinha lhe dado alguma espécie de capacidade física melhorada, ou algo do tipo), Daniel correu e saltou a grade que o separava da liberdade.



Percebeu então que estava numa ilha. Não pensou duas vezes: correu para o lago. E começou a nadar para longe dali, se dando conta de que, realmente, se não tivesse entrado em contato com aquele líquido na piscina, provavelmente ele não teria conseguido escapar daquele lugar.
Então, após nadar muito, chegando à outra margem, já amanhecendo, longe do castelo dos Æesires, Daniel ainda caminhou um pouco antes de apagar de cansaço e de stress.


E, apagado, Daniel foi encontrado.
Finalmente por uma alma boa.






Riverview. Segunda-feira. Quase 6 horas da manhã.
Na rua Eli, número 600. Casa de Lucky Perkins.


A vida nunca havia sido fácil para Lucky, mas ele sempre conseguiu se virar, ainda que, às vezes, tivesse de morar de favor com alguém. Mas ele havia encontrado um local só seu, um local que ele chamava de lar. E era ali que ele estava agora, foi para lá que ele levou o garoto que encontrou desmaiado no chão, na floresta.



Trocou a roupa do garoto por umas vestimentas velhas que tinha lá. Então o deitou na única cama da simples cabana. Pegou uma poltrona externa antiga e bastante desgastada e deitou nela para dormir.


 




Quase 11 horas da manhã.


- Quem é você?
O velho acordou com a pergunta, feita por um Daniel assustado.
Perkins espreguiçou-se e disse, com uma voz meio esganiçada e rouca de sono:
- Bom dia! Ou boa tarde? Que horas são agora?
- Fala quem é você! Como vim parar aqui? – Daniel estava ficando agressivo de medo.
O velho levantou-se:
- Calma, rapaz... Eu o encontrei desmaiado na floresta. Você estava todo molhado. Foi vítima dos vampiros do castelo?
Daniel sobressaltou-se com a pergunta dele:
- Você sabe dos vampiros do castelo?
- Sim, sim, meu filho, eu sei. As pessoas nessa cidade desaparecem por causa deles.


- Como sabe?...
- Antes d’eu ter casa, eu vivia nos lares de amigos, e já morei nas ruas. E nas ruas nós vemos muitas coisas. Eles pegam algumas pessoas e depois ninguém mais se lembra delas. Mas eu lembro! Mas não me pergunte o porquê. Não sei por que eu me lembro delas. Não sei mesmo, filho. Só sei que me lembro de cada uma. E reconheço essas criaturas de longe!
Os dois ficaram calados por alguns instantes. Então Perkins se aproximou e estendeu a mão, apresentando-se para Daniel:
- Meu nome é Lucky Perkins, filho. Sou um velho pobre que sonha em encontrar uma mina de ouro abandonada e ficar milionário. – Ele sorriu. – E tenho certeza que um dia a encontrarei! Sei que ela existe e que está por perto!2

2 Lucky Perkins é um Sim que você encontra no jogo, na cidade de Riverview. Assim como o Daniel Wang e a família Simovitch.

O garoto apertou a mão dele:
- Meu nome é Daniel Wang.


- Escuta, Daniel, acho que temos muitas coisas para conversar, não é?
Daniel assentiu.
- Então porque não vai tomar um banho antes e sentamos ao redor de uma fogueira para bater um papo? – Ele disse, indo até um armário que havia ali e pegando umas roupas e uns tênis velhos para o menino. – Tudo que acho, guardo. – Ele sorriu como que se explicando por ter aquelas coisas extras ali.
O garoto estava mesmo precisando de um banho. Sentia-se imundo. Pegou as roupas e agradeceu baixinho.
- O banheiro é lá fora. – Perkins disse.
E Wang saiu para tomar um banho.



Pensava em como sua vida havia virado do avesso em questão de poucas horas.
A única coisa que queria era voltar para casa, para seus pais.
Banhou-se pensando nisso, que teria que se mudar com os pais, ir para longe daquelas criaturas, pois elas não podiam saber que estava vivo.
Tentava organizar as ideias, saber como havia entrado naquela grande roubada.






Depois de limpo e vestido, Daniel sentou-se com Perkins ao redor da fogueira portátil que havia ali fora. Perguntava-se se o velho seria confiável.
- Obrigado por ter me ajudado... – Daniel começou.
- Não precisa me agradecer. Na guerra que travamos em nosso mundo, preferi ficar do lado do bem. – Ele sorriu.
- Esse negócio de “guerra em que vivemos”... Não está falando sério, está?...
- Infelizmente sim, estou. Vivemos em uma guerra atualmente: o bem contra o mal.
- E cadê os tons de cinza? Não existem pessoas 100% boas ou 100% ruins.
- Não estamos falando de porcentagens, filho. O que faz uma pessoa ser boa e outra ser má é a maioria das escolhas que ela faz. Uma pessoa que faz mais escolhas boas do que ruins, pode ser considerada boa. Uma que faz mais coisas ruins do que boas, pode ser considerada má. Mas uma odeia e ama tanto quanto a outra. Suas atitudes as definem. Mas conte-me: o que houve com você?


Daniel então contou tudo, desde a hora em que saiu de casa e encontrou os amigos, até o momento em que fugiu do castelo, citando a super agilidade e o vigor adquiridos após entrar na piscina nojenta.
Perkins ouviu atento. Enquanto Daniel falava, os dois comiam marshmallows que preparavam na fogueira.


Quando o garoto terminou seu relato, o velho deu um longo suspiro e falou:
- Ok, Daniel, vamos fazer assim: você me parece ser um menino bom. Você fica morando aqui comigo então. Ajuda-me a achar a antiga mina. E eu divido o ouro que acharmos pela metade com você, o que acha?
Wang riu:
- Eu vou voltar para casa, Lucky! Tenho pai, tenho mãe.


- Se eu fosse você, não faria isso... Pelo que me contou, e pela experiência que tenho, posso lhe garantir que ninguém lembrará de você. Se aparecer na sua casa contando essa história, vão chamar a polícia e, acredite, se fizer isso, cedo ou tarde os vampiros ficarão sabendo disso e caçarão você, filho.


- Meus pais se lembrarão de mim. – Wang afirmou, sério.


Perkins ficou calado alguns minutos, então disse:
- Se quer ver seus pais e descobrir por si mesmo o que estou lhe dizendo, sugiro que mude sua aparência. Corte seus cabelos, livre-se dessa pulseira vermelha e desses brincos que você usa. Tenho um boné velho aí dentro. Use-o e vá. Mas primeiro observe de longe. Veja que eles estarão vivendo suas vidas como se nada tivesse acontecido, como se você não tivesse sumido. Por mais que eles te amem muito, duvido que sejam imunes aos poderes dos vampiros.


- Æesires. É assim que eles se chamam entre eles mesmos. Æesires. – Daniel disse, cabisbaixo.
- Sugiro também que deixe para fazer isso amanhã. Descanse hoje, menino. Você mal dormiu. Precisa descansar.







No dia seguinte, Daniel, disfarçado com um boné escondendo os cabelos e o rosto, vigiou seus próprios pais de longe. Eles estavam bem, felizes.
Ele até simulou um esbarrão com a mãe, mas ela olhou para o rosto dele e passou direto. E foi naquele momento que ele morreu por dentro. Os Æesires tinham acabado com sua vida muito mais do que imaginavam.
Então ele voltou para a casa de Perkins, que vendo a tristeza no olhar do garoto, não precisou fazer pergunta alguma. Tomaram a sopa em silêncio.



E, após o jantar, Daniel foi para o banheiro com uma tesoura e um aparelho de barbear velho nas mãos, disposto a matar “Daniel Wang”.




Cortou o cabelo, raspou a cabeça. Tirou os brincos. Jogou a pulseira vermelha fora. Olhou-se no espelho. Agora seu sobrenome seria Perkins. Daniel não sabia, mas naquele momento tinha acabado de surgir o primeiro Caçador não Desperto de todo o mundo Sim: ele mesmo.






Sunset Valley. Mansão Styrman.
Quinta-feira.


Nooa ligou para Léo e Alessa pela manhã, bem cedo. Quando chegaram, ele os chamou para beber uma batida e explicou o motivo da reunião de última hora: - Seguinte, pessoal: o João Victor me ligou e disse que o caso da Bárbara Williams, aquela Inumana que pegamos, já está resolvido.
- Eles entregaram a cabeça do mentor dela? – Alessa perguntou.
- Não. – Nooa disse, seco.
- Como assim? – Leonardo não entendeu.
- Eles deram o nome do Inumano que a transformou: um tal de Petri.


- Sim. E a cabeça dele? – Alessa já estava de cara fechada.
- Petri não está mais aqui em Sunset. Supostamente fugiu daqui. – Nooa respondeu, também chateado com a notícia que havia recebido.
- Se ele não está mais aqui, não é mais responsabilidade nossa. Mas que droga!... João já contatou os Caçadores de outros países? – Léo estava indignado.
- Já. Agora é “problema deles”. Foi o que o Jão falou. – Nooa disse.
- E agora, mais uma vez, estamos aqui de mãos atadas! – Leonardo estava decepcionado.


- E nada da Organização Heng nos chamar... – Alessa falou baixinho. – É incrível! Chamaram o grupo do Max e não nos chamaram! Nós participamos de muito mais missões do que eles!
- Por isso chamei vocês aqui. – Nooa disse, sério, servindo a bebida.
- Eles nos chamaram? – Léo abriu um sorrisão.
- Não. Não nos chamaram. Eu que estou chamando vocês dois, que são meu grupo, para irmos até Shang Simla e exigir treinamento!
Primeiro os dois ficaram calados. Depois se entreolharam e então caíram na risada.


- Você tá louco, Nooa? – Léo perguntou, rindo.
- Me deixa ver... Bebeu muito antes da gente chegar aqui? – Alessa ria também.
- Eu estou falando sério, ok?
- Escuta, esqueceu que eles só treinam quem eles chamam? – Leonardo disse. – E que caramba de blusa é essa que tu tá usando aí? – Ele riu, querendo mudar o assunto.


- É a blusa do Chris Jericho do WWE. Sou fã dele. E não tenta mudar de assunto, ok? Eu estou cansado de esperar, cara! – Nooa desabafou. – E olha o tipo de coisa que a gente faz! Agora eu mesmo sou o “garoto de recados” dos Caçadores! Isso é ridículo! Eu quero lutar! Quero fazer parte!
- Já fazemos parte, Nooa. – Alessa disse.
- Eu quero agir. Ser parte lutando. E não lutar diretamente, para mim, não é o suficiente.


- Já falou sobre essa sua ideia maluca para o Jão? Ele ainda é o líder desse grupo. – Leonardo olhava sério para o amigo.
- Líder desse grupo e de todos os outros grupos você quer dizer, né? Ainda não falei com ele, mas o farei. Antes só preciso saber de uma coisa: vocês estão ou não estão comigo nessa?






Riverview. Rua da Colina Formosa, 340.
Na Mansão Lessen.
Quinta-feira. 11 horas da manhã.



Uma limusine foi pegar Tuuli e Yuri Ivanov3 em suas casas. Mesmo Tuuli morando em frente à casa de Jon, ninguém entrava na propriedade se não fosse na limusine particular dele. Então os dois foram levados até Jon Lessen4.

3 Yuri Ivanov é um Sim que você encontra em seu jogo em Riverview; era Assistente de Palco no Teatro Nacional de Riverview, o principal teatro do país. Ele morava na Rua do Salgueiro Perdido, n° 13. Era casado com Nadine (que também trabalhava no mundo musical, mas como Roadie), com quem tinha dois filhos: Tatiana, uma criança ainda, e Dimitri, um bebê. Yuri estava familiarizado com equipamentos de iluminação, com mesas de som, realizava os testes de microfones, entre várias outras coisas. E naquela mesma semana ele havia substituído com perfeição o guitarrista de uma banda, que havia passado mal pouco antes de subir ao palco.

4 Jon Lessen é um Sim que você encontra em seu jogo em Riverview; descrição oficial do Sim: era um artista com poucos concorrentes à sua altura. Ele estava no comando. Os shows mais famosos do mundo tinham seu nome no ingresso. As dez músicas no topo das paradas de sucesso eram de sua autoria. Era um gênio, um rebelde, uma Estrela do Rock. Durante um bom tempo, após a morte de seu mentor Destry Dixon, ele achou que sua habilidade com a guitarra não fosse ficar tão boa. Então, para compensar o tempo que ele não teve com o velho enquanto vivo, ele levou os restos de Destry para sua casa de hóspedes, com o objetivo de manter a música de seu mentor viva.

Jon Lessen era conhecido internacionalmente. Sua banda chamava-se SIMpultura. E quando Tuuli e Yuri, na noite anterior, receberam a ligação de Radu Ionescu, empresário de Jon, explicando que o Sr. Lessen gostaria de conversar com eles, primeiro ambos não acreditaram no que ouviram, achando que era algum tipo de trote. Até que perceberam que o que estava acontecendo era real. Então os dois mal dormiram, de tão ansiosos que ficaram. Tuuli até mesmo deixara de lado o desaparecimento de Daniel, já aceitando que devia ter imaginado tudo aquilo ou que tudo não passara de um terrível pesadelo. Evitava pensar nisso.



A jovem Styrman era a vocalista lírica da banda Somber SIMmilarity, que se apresentava em vários clubes noturnos pela cidade. O único problema é que, como ela era menor de idade, a banda sempre precisava se apresentar mais cedo. Mas isso acabava despertando a curiosidade das pessoas, que acabavam indo ver o grupo “que tinha uma adolescente que cantava ópera”, como diziam. Saíam sempre encantados com a voz da tão jovem soprano.
O que Tuuli e Yuri tinham em comum, fora o amor pela música, era o fato de terem chamado a atenção das pessoas certas. E até então um não conhecia o outro. Eles se conheceram ali!


Foram recebidos pelo mordomo, que os levou até o segundo andar da mansão, onde Jon os esperava numa espécie de escritório particular cheio de guitarras. Tuuli mal conseguiu esconder a emoção ao vê-lo. Yuri, mais acostumado a lidar com as grandes estrelas e suas personalidades difíceis (a grande maioria), estava mais tranquilo, apenas esperando para ver o que ele tinha a dizer.
- Sentem, sentem! – Jon parecia ser bem simpático. Esperou os dois sentarem e começou a falar. - Estou montando uma nova banda, um novo projeto. E estou procurando músicos talentosos para fazer isso. Mas pessoas desconhecidas do grande público. Novos talentos. Bem, e vocês são a décima e última entrevista que faço.


- Décima entrevista? – Yuri não entendeu bem.
Tuuli não tirava os olhos de Lessen; era uma super fã dele e o admirava demais!
- É. Estou com uns olheiros que estão caçando esses novos talentos, já que eu não posso fazer isso, pois tenho meus shows, minha agenda lotada para cumprir, etc. – Ele falava, sério. – Então esses olheiros passam o nome das pessoas que lhes chamam a atenção para meu empresário, que marca uma entrevista comigo, em um horário que eu tenha disponível e eu, bem, eu vejo se me interesso por quem eles acham que tem o que procuro. E vocês são a última entrevista porque cansei delas. – Ele sorriu.


Tuuli e Yuri se entreolharam, surpresos.


- Então eles gostaram de nós dois? – Tuuli sorriu, os olhos brilhando, olhando para Jon.
- Pois é... E, se vocês estiverem disponíveis, gostaria de ver um pouco do talento dos dois no meu palco particular agora.
- É pra já! – Dessa vez quem estava animado era Yuri.


Jon os levou a seu palco particular. Uma estrutura enorme onde a banda dele, SIMpultura, costumava ensaiar, em um espaço onde aconteciam inúmeras festas frequentadas pelas maiores celebridades do mundo Sim.



Tanto Tuuli quanto Yuri sabiam um monte sobre Lessen: seu atual empresário era o Sr. Radu Ionescu, que trabalhava diretamente para o maior produtor musical do mundo Sim atual: o Sr. Thomas Likeyos, que também era o dono da Nocive Storm Records, que era a gravadora da banda de Jon e de muitas outras conhecidas do mundo do rock e do metal. Bandas como Guns Sim Roses, NightSIMwish, Silent Sufferin’, SIMriads, Blind Sim Guardian, Simnata Artica, BorknaSIMgar, entre outras. E aquela era A oportunidade para qualquer aspirante a grande estrela do rock ou do metal!


Tuuli e Yuri subiram no palco. Um rapaz, que estava atrás da estrutura, entregou uma guitarra para Yuri. Jon pediu que os dois escolhessem uma música e que a apresentassem a ele.
- Sabe tocar e cantar “The Phantom of the Opera”? – Tuuli perguntou.
- Sei tocar na guitarra e sei a letra sim. Mas cantar não é meu forte. Mas você vai conseguir alcançar as notas finais? – Yuri riu, duvidando que o vocal dela fosse tão brutal.
- E será que você conseguirá tocá-la como ela deve ser tocada? - Tuuli sorriu. Estava acostumada com adultos subestimando-a.
Yuri sorriu e começou a tocar a canção. E ela começou a cantar. Então os dois se entreolharam, surpresos um com o outro. Olharam-se com respeito.





Ao terminar a apresentação dos dois, Jon estava completamente satisfeito. Tanto a garota cantava demais como Yuri tocava demais. Ele conseguiu apresentar uma música clássica como aquela, na guitarra, de uma maneira fenomenal. E a voz da garota era poderosíssima! Era como se ele tivesse Vibeke SIMstene, a ex-vocalista lírica do SimTristania, na sua frente.
Jon tinha ouvido os dois de forma extremamente atenta para o caso de haver um deslize mínimo de qualquer uma das partes. Mas não houvera. E além dos dois terem apresentado a música divinamente, ambos tinham presença de palco e demonstraram entrosamento, apesar de não se conhecerem.
- Wow!!! – Jon batia palmas. – Perfeito!!! – Ele subiu no palco.


Tuuli e Yuri só sorriam, felizes e ansiosos diante do que Lessen iria lhes dizer.
- Bem, vocês fecham minha busca. Agora tenho 3 bateristas, 3 guitarristas, 3 tecladistas, 3 baixistas, 3 guitarristas que cantam e 3 vocalistas femininas. Mas são adultas, Tuuli. Você tem certeza de que quer competir com elas? Elas não terão impedimentos para viajar e se apresentar caso uma delas seja escolhida.
- É o que mais quero, Sr. Lessen! O resto depois a gente vê com meu pai! Não vou ser uma adolescente para sempre!
- Bem, então, se desejarem competir para ver se ficam, vocês todos se apresentarão hoje mesmo no teatro, individualmente, às 22h. – Jon falou. – Eu, os membros de minha banda, meu empresário Radu Ionescu e o Sr. Thomas Likeyos, dono da Nocive Storm Records, estaremos lá para escolher os melhores.


- Hoje? – Yuri se assustou com a rapidez com que aquilo tudo estava acontecendo.
- Exato. Hoje mesmo! Pois amanhã tenho que viajar com a SIMpultura para mais um tour. – Ele sorriu. – Então? Verei vocês lá ou não?
- Claro!!! Claro!!! – Os dois disseram, empolgados.
- Então ótimo! Verei vocês no teatro! Deem um show, hein? Quero ver música, produção e apresentação! – Jon sorriu, apertou a mão dos dois e eles se despediram.




Do lado de fora da mansão de Lessen, Hanke já esperava por Tuuli. Os dois tinham combinado que ele a pegaria ali. Ele tinha sido a única pessoa para quem a garota contara sobre ter sido convidada para falar com Lessen. Ele ficou muito feliz por ela. Durante aquela semana, Hanke tinha conseguido despistar Aake na escola e se aproximar da garota.



- E aí? – Ele perguntou para Tuuli, ao vê-la se aproximando do carro com um sorriso no rosto. – O que ele queria? – Estava super curioso.
- Hanke, vou me apresentar hoje no teatro, com mais algumas pessoas! E o Jon, a galera da SIMpultura, o empresário dele e o Sr. Likeyos irão escolher os melhores e montar uma nova banda!
- Wow!!! Isso é demais!!!!! – Ele sorriu e deu um abração nela.
Ela ficou corada. Sorriu.


- Então, para onde você vai agora? – Ele perguntou.
- Bem, eu acabei de ligar para meu cabeleireiro e minha estilista pessoais... Eles me prepararão para a apresentação hoje. Estão me esperando no SPA.
- Eu posso te deixar lá, se você quiser...
- Certeza?... Você não tem nenhum outro compromisso?...
- É,... Tenho uma coisa para fazer sim...
- Bem, então não precisa...
- O que tenho para fazer é levar e buscar a garota mais linda da escola em todos lugares que ela quiser ir...
Tuuli sorriu, derretida.


E ele foi então deixá-la no SPA.







Teatro Nacional de Riverview. Noite.


O evento não havia sido divulgado. Constava como um evento particular, tanto que, fora os jurados, não havia plateia, apenas algumas pessoas da produção. Mas mesmo assim, alguns Sims souberam que o SIMpultura estaria lá. E quando Jon Lessen e os outros integrantes da banda chegaram, obviamente houve o momento para autógrafos.


A apresentação foi pontual. E de nível elevadíssimo. Qualquer um que soubesse um pouco de música sabia que seria difícil escolher a nata entre todos aqueles concorrentes. Eles eram muito, muito, muito bons.
O nervosismo estava claro no rosto de todos.
E eles apresentaram músicas incríveis do mundo do metal e do rock. E os comentários de cada um dos jurados eram os mais realistas e sinceros possíveis, por vezes duros, o que deixava os participantes mais nervosos ainda.
Tuuli apresentou a música “Passion and the Opera”, da banda NightSIMwish. Era uma de suas preferidas, que explorava bem seu vocal lírico. Ela foi a segunda a se apresentar, e foi calorosamente aplaudida. O bom foi que depois ela pôde assistir às outras apresentações sem nervosismo, afinal, já tinha cantado. Yuri foi o quarto. Eles assistiram todos seus concorrentes, até o final, quando, após meia hora de tensão, os resultados foram anunciados.
- E aí? – Hanke correu até ela, quando a viu sair do teatro.


Ela olhou meio triste para ele:
- Tô fora...


- Ah, tá brincando, né? Eu te vi cantar várias vezes já! É impossível eles terem deixado você de fora! É brincadeira, né?


- Tô falando sério. – Ela saiu, andando para a praça, decepcionada.


- Ei, peraí! Volta aqui! – Ele foi atrás dela.
- O que quer que eu diga? Que estou brincando? Não estou. – Ela disse, chateada.


- Opa! Calma. Tuuli, esse foi o primeiro teste que você fez. O primeiro “não” que você tomou. E você vai mesmo deixar ele te derrubar assim?
Ela abaixou o rosto, triste.
- Ei,... Sério... – Ele disse. – Não foi nesse, mas vai ser em um próximo. Se não for no próximo, você vai continuar tentando, até conseguir. Vamos lá! Você só não pode desistir fácil!


Ela pensou um pouco, então, depois de alguns segundos, sorriu e disse, olhando-o: - Quer saber?... Você está certo!


- Você fica muito mais bonita sorrindo, sabia? – Ele abraçou a garota.



- Errr, eu preciso ir para casa. Está tarde já... – Tuuli disse.
- Eu te levo. Vem.










- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!!!!!! Amigaaaaaaaaa!!! – Tuuli exclamou assim que Bete atendeu a ligação. – Babadooooooos, miga sua loca!!!


- Ai, não. Eu NÃO acredito que você tá me ligando quatro horas da manhã. – Bete disse, mal-humorada de sono.
- Ele me beijou e me pediu em namoro!
- Você tá falando do loirudo gostosão baterista?
- O próprio!... Ei, não fala assim dele! Agora ele é MEU namorado! – Tuuli disse, toda derretida. – Agora ele é o MEU Hanke... – O sorriso não saía da cara.
- Nossa! Que maravilha, amiga. Eu comemoraria mais se você tivesse me esperado acordar.


- Ai, como você é espirituosa, Bete! – Tuuli riu. - Eita! E tem um monte de ligação do Nooa aqui no meu cel! Eu não pude atender no teatro.
- No teatro? Em qual teatro?
- No Teatro Nacional! Deixa eu te contar: eu e um cara chamado Yuri Ivanov fomos entrevistados pelo próprio Jon Lessen, o guitarrista e vocalista do SIMpultura, na mansão dele, aquele casarão que fica em frente aqui à minha casa! E você sabe que ele nunca está aí, vive viajando, mas ontem ficou para falar conosco. Cara, cantei no palco particular dele!!!
- Nossa! – Bete disse, sem muito entusiasmo. Ela não suportava metal e afins. A onda dela era pop.
- E eu, o Yuri e um monte de outras pessoas, escolhidas a dedo, fomos disputar lá no teatro uma posição numa banda projeto que o Jon vai lançar.
- “Fomos” disputar? Então já aconteceu?
- Ontem à noite! – Tuuli disse, sem tirar o sorrisão do rosto.


- E tu não me falou nadinha para eu ir lá torcer por ti?
- Ninguém podia entrar. Foi super restrito.
- Ah, tá. Menos mal. Mas podia ter me contado, né?
- Foi tudo de última hora, Bete! Só avisei ao Hanke porque, porque,... Ai, ai! – Ela suspirou, toda apaixonadinha.
- Tá, tá, tá! Não precisa nem mais explicar o resto! – Bete riu. – Mas e tu passou?
- Eu não passei. Mas o Yuri passou! Deve estar agora comemorando a boa notícia com a família dele! – Tuuli estava feliz pelo cara.





- Puxa, Tuuli... Mas espero que você não esteja mal por não ter sido escolhida... – Bete preocupou-se com a amiga.


- Mal? Bete, você não está entendendo, menina! Eu estou ótima!!! Não poderia estar melhor! – Tuuli riu. – Bete, eu estou na-mo-ran-doooooo o Hanke, o cara mais gato da escola!
- Casal perfeito! – Bete riu. – A vocalista e o baterista.
- Ai, amiga, ele é lindo, é um amor, é um doce, um doce, um doce!
- Ahn... Ok? Vou acabar ficando diabética com todo esse papo açucarado!
- Ai, Bete! Deixa de ser chata!


- Ai, amiga, sério! Estou feliz por você, sabe? Mas acontece que ontem fiz um monte de coisas! Compras no shopping, fiz minhas unhas, cuidei de minha pele, finalmente tive tempo de fazer minha maquiagem definitiva que dura seis meses, fiz os exercícios escolares que estavam atrasados, porque bonita e burra não pode, né? E, sério: estou com sono! A gente tem aula hoje.
- Ai, ok, ok. Vou desligar e te deixar dormir, mesmo porque vou ligar agora para o Nooa.
- O Nooa gatão! – Bete sorriu. – Mas vai contar para ele sobre o Hanke?
- Claro! Se eu não contar, o Aake vai fazer isso. E se ele souber pelo Aake, vai ser pior.
- Aff. Ainda bem que não tenho irmão e primo chato para ficar me torrando!
- É, você é uma sortuda mesmo.
- Mas vem cá, Tuuli, você tem CERTEZA que vai ligar uma hora dessas para contar isso para o teu irmão-pedaço-de-mau-caminho?


- Tenho certeza que ele está acordado. E se não estiver,...
- Se não estiver, você não vai se importar de acordar o pobre coitado, como sempre faz comigo, né? – Bete riu.
- É, amiga! –Tuuli deu risada dessa. – Mas agora vou te deixar descansar, ok? – Ela disse, já preocupada com a reação de Nooa.


- Então boa sorte, amiga.
- Valeu, Bete. Boa noite.
- Boa noite, loiruda!




Sunset Valley. Mansão Styrman.
Quinta-feira. 21 horas.


Depois das aulas de Administração, que ele cursava à noite, Nooa geralmente sentava com uns amigos em um barzinho que ficava em frente ao prédio da universidade onde ele estudava. Uma hora daquelas o bar estava lotado de estudantes. Ele e os amigos ficaram tomando umas cervejinhas. O resultado foi que Nooa chegou em casa acompanhado de Tâmara Donner, estudante de Medicina.
Inteligente, bonita de corpo, o rosto de uma “beleza exótica” (como diziam os amigos dele, na zoação). Uma garota até legal, mas para Nooa não passaria de uma companhia agradável, uma noite e nada mais.




Não era incomum Nooa chegar em casa acompanhado. As garotas da faculdade só faltavam pular sobre ele, doidas para conquistar o coração do estrangeiro gato e rico (ele era de Riverview). E cada uma que conseguia ficar com ele tratava o fato com a importância de um piloto que ganhou uma corrida e exibia feliz seu troféu.
Mas Nooa não se importava com isso.


E ele só tinha tido duas namoradas sérias em sua vida: a primeira foi vítima de um Inumano (cuja cabeça já não estava mais no lugar há muito, pois Nooa fizera questão de decepá-la quando um grupo de Caçadores o pegou); a segunda, que ele amou demais e na qual ainda pensava de vez em quando, recusou seu pedido de casamento e decidiu que não se mudaria de Riverview para ficar com ele em Sunset. Desde então, Nooa só se divertia, sem compromissos, para tristeza das garotas apaixonadas por ele e daquelas que apenas queriam ser a namorada do bonitão endinheirado.
Naquele momento mesmo ele estava com Tâmara em um dos quartos de hóspedes da casa dele.




22 horas e poucos minutos.

Assistiam, deitados na cama, o filme “A Ex-Mulher de Chuck – O Boneco Assassino”, quando o celular de Nooa começou a tocar. Era Tuuli.


- Oi. Por que não atendeu quando eu liguei mais cedo? – Ele já atendeu dando bronca.
- Eu tinha saído, estava no teatro. Não deu para atender o celular lá.
- Ah, tá. E chegou que horas, posso saber? – Era bem controlador.


- Faz pouco.
- Parabéns. – Ele disse, irônico. – Uma pirralha de 14 anos chegando mais de 4 horas da manhã em casa. A senhora sua mãe está cuidando bastante de você, hein?
- A “senhora minha mãe” é sua mãe também.


- Bem, eu não a considero assim. Mas não mude de assunto! Você quer me dizer que estava no teatro até 4 horas da manhã, Tuuli? Não tem uma desculpa menos esfarrapada não?
- Eu estou falando a verdade! – E então ela explicou tuuuuuuuudo, desde a entrevista na mansão de Jon Lessen até a apresentação e o resultado no Teatro Nacional.
Ele até ficou feliz por ela te sido convidada a participar do teste.
- Mas então você tá bem, né? Não está chateada por não ter conseguido dessa vez, né?


- Que nada! Estou ótima!... Mas eu te liguei mais para te contar uma coisa, antes que o Aake te fale...
Lá vem bomba...”, ele pensou.
- Fala, Tuuli. – A voz dele já demonstrava que ele já estava pronto para se irritar.
- Tô namorando... – Ela disse.
 “O QUÊ?!!!”, foi o primeiro pensamento dele. “Calma, Nooa, calma! Controle-se!”. Respirou fundo: - É?... Quem é, quantos anos tem, você o conheceu onde? – “Segura a onda, cara, segura a onda. Informações primeiro. Ação depois.”, pensava.
- Ele tem 16 anos. O nome dele é Hanke Berger. Ele é de Aurora Skies, baterista, curte metal e começou a estudar na mesma escola que eu há pouco tempo. Começamos a namorar hoje, tá? Por isso estou te contando logo, antes que o Aake vá te falar besteira.


Nooa não tinha gostado de ouvir aquilo. Era MUITO cimento com sua irmã caçula. Puxara isso do Sr. Markku Styrman, que era superprotetor com a filha.
- Já contou para o pai? – Ele perguntou, aparentemente tranquilo.
- Ainda não... A gente começou a namorar agora...
- É capaz dele ir aí só para ver esse moleque de perto. – “E é o que eu deveria fazer!”, pensava, extremamente irritado.


- Então,... Eu queria que você amansasse a fera, caso seja necessário... – Ela disse, estranhando ele não ter explodido.


- Olha, eu não vou “amansar fera nenhuma”. Você se meteu nessa, você resolve com ele. Eu particularmente te acho muito nova para estar com namoradinho por aí.
- Sabia que você ia ser contra.
Ele riu: - Você em algum momento achou que eu fosse ficar a favor dessa história?
- Na verdade não. Não costumo esperar apoio seu para nada. – Ela fechou a cara.
- Ótimo, porque esse tipo de situação eu não apoio mesmo.


- Ok, já te falei o que tinha que falar. Vou tomar um banho e dormir. Tenho aula hoje.
- Tá bom. Mas vê se liga para o pai, tá? – Ele disse, sério.


- Nooa, quarta eu liguei pra ele. E ele não desiste de ficar insistindo para eu ir morar aí com você. Chega cansa, sabe? Toda vez é isso! Fica dizendo que mandou reformar o maior quarto aí da mansão para mim, mandou até foto! Disse que se eu for morar aí em Sunset Valley, vamos nos ver mais vezes e todo aquele blá-blá-blá de sempre!... Toda vez que a gente se fala tenho que explicar que tenho minha vida aqui, meus amigos,... E agora eu tenho o Hanke, que eu tenho certeza que ele não vai aceitar!...


- Eu entendo. – A verdade era que Nooa preferia a irmã longe dele, por uma questão de segurança. Tê-la próximo significaria colocar a vida de Tuuli em risco, já que ele era um Caçador. – Mas entenda o lado do pai também. Ele sente sua falta e se preocupa com você... E eu também.
- Eu também morro de saudades de vocês, mas nas minhas próximas férias prometo ir aí ver vocês dois, tá?
- Tá bom... Ele te mandou a foto do quarto, foi? – Ele riu.


- Mandou sim. Todo rosa, do jeito que eu gosto. Tá lindo! – Ela sorriu. – Disse que o quarto está me esperando. Mas nas férias eu vou aí agarrar vocês dois!
- Então tá. Vamos ficar te esperando. Agora vai dormir, pirralha. Você tem aula.
- Estou indo. Boa noite, irmãozão.
- Boa noite, pequena.
Desligaram.


Nooa com uma sensação estranha que ele não conseguia explicar...






Tuuli estava tão feliz que não sentia sono. Tomou um banho, escovou os dentes, colocou um roupão, pegou o som, levou-o para seu quarto e começou a ouvir umas músicas que ela amava. E ficou dançando no quarto, alegre, ao som de “Blood & Fire (Out of The Ashes Mix)”, da banda “Type Sim O Negative”. Estava super animada, transbordando felicidade. Ficou dançando no quarto, dançando, dançando, dançando...




A verdade era que se Tuuli pudesse saber com antecedência a desgraça que se abateria sobre a casa dela ainda naquela madrugada, ela iria para bem longe dali com sua mãe.


Mas Tuuli ainda não havia despertado como uma Æesir, portanto, nem o instinto de perigo dos Æesires ela possuía. Então, essa era a única opção que tinha naquele momento, como uma boa Sim normal que ainda era: divertir-se e comemorar sua felicidade em seu quarto, alheia ao perigo que se aproximava.



[Continua na próxima segunda! :) ]


Hi, amigo Simmer! Obrigada por acompanhar essa história!
Tenha uma ótima semana! :)

Como não tenho mais nem o TS3 instalado, e como essa história foi escrita há alguns anos, não sei onde baixei, na época, todos os Sims e CPs (“conteúdos personalizados”) utilizados. Mas que fique registrado aqui meu agradecimento aos criadores! Thank to the creators! :D



2 comentários:

  1. COITADO DO DANIEL AAAAAAAAAA
    Quando eu achei que ele finalmente tava livre da desgraça, me lembro que el foi esquecido pra sempreeee.. Ou não! Porque se eu me lembro bem a Tuuli lembra dele? Não lembra?
    Amei o capítulo, como sempre só fica melhor ❤😍
    Tava com saudades da Tuuli já rsrs

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    1. Sim, sim, Leo! Daniel foi esquecido por todos que ele conhece, mas não pela Tuuli, que já está começando a "despertar" como uma Æesir! :) Muito obrigada pelo seu comment!!! Beijocas!!! :D

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